O Governo Federal iniciou a implantação do Projeto Amazônia Conectada, com o objetivo de levar internet banda larga, via cabos de fibra óptica fluviais, para todas as cidades ao longo dos grandes rios do Amazonas.
Estive presente no dia 16 de julho último na inauguração do 1º trecho do cabo subfluvial do projeto, realizado no Comando Militar da Amazônia, com a presença de Jacques Wagner, ministro da Defesa; Ricardo Berzoini, ministro das Comunicações; e Aldo Rebelo, ministro da Ciência e Tecnologia, além do governador e do comando do exército na Amazônia. Poucos políticos amazonenses presentes, apenas os deputados José Ricardo e Alessandra Campelo.
No Amazonas, as grandes vias são os rios. Temos poucas estradas. As distâncias são enormes. A infraestrutura de telecomunicações é muito reduzida, inviabilizando serviços básicos como internet, sinal de TV em HD e a telefonia celular. Alguns municípios se utilizam comunicação via satélite, que é muito cara e banda reduzida.
Daí que surgiu a proposta de conectar os municípios através de uma rede de fibra óptica nos leitos dos rios, custando menos e causando menos danos ambientais que uma estrutura terrestre. Existe tecnologia para isso. Mas há 100 anos já havia, para colocar cabos para comunicação telegráfica.
Tomei conhecimento do projeto em julho de 2013, quando ainda presidia a Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Por ocasião da reunião do Fórum Estadual de Gestores de Instituições de Ensino e Pesquisa do Amazonas, coordenada pelo professor Odenildo Sena, o projeto foi apresentado pelo comando do 4º Centro de Telemática de Área, do Exército. Na tribuna da ALE falei sobre esse projeto e solicitei mais informações junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
O projeto piloto foi instalado pelo Exército numa extensão de 10km, entre instalações militares no rio Negro, ao custo de R$ 2 milhões, inaugurado e testado no dia 16 último. O próximo trecho será entre Tefé e Coari com previsão de investimentos de R$ 15 milhões e conclusão até final do ano. Segundo o ministro da Defesa, já estariam previstos R$ 200 milhões para a continuidade do projeto e que no total haverá uma economia de R$ 500 milhões em função do custo menor na aquisição de cabos importados. No geral há estimativa de investimentos na ordem de R$ 1 bilhão.
Foi anunciado que 52 cidades seriam interligadas. A previsão é que serão instaladas 9.000 km de fibra óptica subfluvial, com a criação de seis infovias, alcançando os grande rios do Amazonas: Alto Rio Negro (989,9 km), Alto Solimões (1.263,7), Juruá (2.628,7), Japurá (403,3), Madeira (1.611,0) e Purus (2.170,2).
Enormes serão os benefícios para o Estado com fibra óptica via rios. A inclusão social e digital do povo do interior do Amazonas, em particular da juventude. Banda larga nas escolas vai proporcionar mais qualidade na educação, visto que o Estado tem os piores indicadores, além de baixo IDH. Benefícios nos serviços públicos. Fortalecimento da segurança nas fronteiras, combate ao narcotráfico e a garantia a soberania nacional. A telemedicina é fundamental para ajudar na saúde à distância. É a interiorização das políticas públicas federais e estaduais.
Com internet, sinal de TV, e telefonia celular para o interior é possível ampliar a atuação das universidades e dos institutos tecnológicos, com vistas às pesquisas da nossa biodiversidade e na geração de oportunidades de renda e trabalho. O turismo e tantas outras atividades econômicas terão efetivo desenvolvimento.
É importante registrar que o Programa Amazônia Conectada foi idealizado pelo professor João Guilherme de Moraes Silva do IFAM do Amazonas e da Prodam. Foi sua tese de doutorado e apresentado em 2010 no seminário de Telemática de Área do Exército, que o procurou em 2014 para viabilizar o projeto.
A presença de três ministros de estado mostra o empenho da presidenta Dilma, assim como foi do ex-presidente Lula em interiorizar e descentralizar o desenvolvimento do País e a preocupação com o povo do Amazonas. Que o Amazônia Conectado se concretize.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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