Da Redação
MANAUS – Em maio deste ano, 77 crimes violentos foram registrados no Amazonas. A média é de quase dois assassinatos por mês (1,90), segundo dados do Monitor da Violência, do portal G1, que acompanha os dados estatísticos mensalmente e calcula as taxas com base nas estimativas populacionais do IBGE para cada ano. O índice mensal foi menor que em abril (2,28 assassinatos por 100 mil habitantes) e março (2,3).
Na Região Norte, o Estado é o terceiro em número de crimes violentos registrados em maio atrás do Pará (353), com média de 4,2 por 100 mil habitantes, e o Maranhão (137), média de 1,9 em maio. Tocantins não registrou nenhum assassinado em maio. Em Rondônia ocorreram 34; Acre, 37; Roraima, 25; e Amapá, 28.
O delegado Juan Valério, da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros, disse ao Monitor que a maioria das mortes é atribuída a facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas no Estado. “Em especial, a facção que tem maior número de adeptos, que é a FDN (Família do Norte), em que acabam se matando entre si por disputa de territórios, por posição na própria facção e dívidas de drogas”, afirma Valério.
Conforme o delegado, nas prisões de traficantes é feito um organograma para identificar e exemplificar toda a cadeia de comando, inclusive dos pistoleiros, os principais e os mais simples. “A intenção é que a Justiça possa ter noção de toda essa ação do crime organizado e possamos indiciar todos para que os crimes não fiquem impunes e desestimular que outras pessoas venham a querer ser pistoleiros dessas facções”, explicou.
Momento de lazer
Também em entrevista ao G1, o sociólogo e professor de Ciências Sociais da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Luiz Antônio Nascimento, chama atenção para o fato dos crimes ocorrerem em dias e horários de lazer como sextas, sábados e domingos. “São cidadãos que confrontados ou aviltados ou molestados ou incomodados, usam a violência como uma maneira de resolver um conflito”, disse. “É óbvio que o tráfico de drogas mata e mata muito, e a maior parte das vítimas da violência do tráfico é em decorrência do negócio da droga, é a dívida, o endividamento de um com o outro, disputa de ponto de droga, pelo ponto do tráfico”, completou.
Para o professor, uma maneira de resolver o aumento da criminalidade é a Justiça ser mais dura com a aplicação da lei e punir de forma severa. Ele defende também o fortalecimento das estratégias de combate à violência praticada contra cidadãos. “Isso pode ser feito identificando os horários locais e dias em que os crimes ocorrem”, diz.
Sociabilidade
Luiz Nascimento considera que, de uma certa forma, os crimes praticados pelo tráfico tem sido objeto de punição. “O criminoso, o traficante está sendo preso e condenado. Mas os crimes banais, praticados por cidadãos contra cidadãos, esses são praticamente impunes. Então, para você reduzir a longo prazo a prática dos homicídios é preciso trabalhar com a infância, é você oferecer à criança espaços de sociabilidade, lazer e entretenimento”.