Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – Em depoimento à Polícia Federal, durante a Operação Custo Político, a médica Jusimara Maia da Silva afirmou saber que o ex-secretário de Administração do Amazonas Evandro Melo, irmão do ex-governador José Melo, queria desfazer contratos com o empresário Mouhamad Moustafa por serem superfaturados. Segundo ela, os contratos seriam “da época do senador Omar Aziz”. O parlamentar foi governador do Estado de março de 2010 a abril de 2014.
“QUE afirma que EVANDRO não tem relação com MOUHAMAD MOUSTAFA; QUE só sabe que EVANDRO queria desfazer o contrato com MOUSTAFA, pois era um contrato superfaturado de muitos anos atrás e ele não concordava; QUE esses contratos são da época do Senador OMAR AZIZ; QUE EVANDRO saiu do governo exatamente por essa razão, em novembro de 2016”, lê-se em trecho do termo de declarações de Jusimara.
É a segunda vez que o senador é citado no caso. Em novembro de 2017, um mês antes da Operação Custo Político, a enfermeira Jennifer Nayara afirmou à juíza federal Ana Paula Serizawa saber de pagamentos de propinas ao político. Por ter foro privilegiado, todas as informações relacionados ao ex-governador são enviadas ao STF (Supremo Tribunal Federal), em inquérito que corre em segredo de Justiça. A reportagem enviou e-mail à assessoria do senador Omar e fez contato telefônico com um dos assessores, mas não houve resposta.
Durante a investigação, a Polícia Federal identificou a médica como sendo amante de Evandro Melo. No depoimento, Jusimara confirma que mantém um relacionamento amoroso com o ex-secretário há um ano e meio. Ela foi uma das pessoas ouvidas pela polícia no dia 13 de dezembro de 2017, quando foi deflagrada a operação. A Custo Político é um desdobramento da Operação Maus Caminhos, que investiga a participação de agentes políticos no esquema que desviou mais de R$ 110 milhões de recursos da saúde no Amazonas.
Ajuda
Em conversas interceptadas com autorização da Justiça, Jusimara e Evandro falam sobre recebimentos de dinheiro. No depoimento, a médica foi indagada sobre o contexto destas conversas. Ela diz que, como médica, tinha rendimentos em torno de R$ 10 mil. Mas, por ter muitas dívidas, recebia ajuda financeira do amante. Seria sobre essa ajuda que recebia do ex-secretário que eles tratavam nos diálogos, disse ela.
A médica afirmou ainda que mantinha relacionamento com o ex-secretário porque ele lhe prometeu família e estabilidade financeira. Jusimara afirmou que não conhecia José Melo, que não gostou do governo dele, mas torcia para que ele voltasse ao posto. Segundo ela, com isso o amante voltaria ao cargo de secretário, e ela poderia pedir ao então secretário de saúde, Pedro Elias, para que a mãe dela, “Dra. Socorro”, voltasse à direção do SPA do bairro Alvorada.
Primeira-dama
Jusimara informou à Polícia Federal que a ex-primeira-dama Edilene Gomes de Oliveira tinha influência sobre os contratos das empresas de Mouhamad. Mas não soube informar qual contrato e nem tinha provas do que relatou.
Edilene está presa, acusada de obstruir as investigações referentes à Operação Estado de Emergência, terceira fase da Maus Caminhos.
Evandro e José Melo também estão presos desde dezembro de 2017. Os dois foram denunciados no dia 5 de fevereiro por formação de quadrilha. O ex-governador também foi denunciado por obstrução da Justiça.
Evandro Melo é acusado pelo Ministério Público de receber propina de Mouhamad Moustafa. Em depoimento, o ex-secretário negou as acusações.
Abaixo, o depoimento de Jusimara Maia da Silva:
Quero ver esse Omar e Braga presos porque eles também tem muito envolvimentos em desvios no Amazonas e na Lava Jato tambem. Tomara que não sejam eleitos em nada aqui.
E o Ministerio tem que buscar outras pessoas tambem, como a Joria Makarem que foi Secretaria de Orçamento da SEFAZ, depois ficou na Casa Civil o Orçamento e e casada com irmão ou primo do ex-governador MELO.
Cara Senhora Salvia,
Não acredito que a Senhora Silvia Makarem esteja envolvida nessas coisas, ela sempre foi uma excelente funcionaria e não conheço nada que possa incriminar. Inclusive como você ja citou, o ex- Secretario da Fazenda Afonso Lobo também acho que não tem muito envolvimento não com isso, para mim isso chama-se marcação ou perseguição politica. Se queres incriminar alguém mostre as provas vivas, informar que ouviu, não são provas, porque as vezes as pessoas podem imitar as vozes dos outros pra dizer que teve envolvimento. Vi na Midia que Afonso Lobo recebeu vinhos e convites para eventos, se for assim, todos tem que ser preso porque recebem. Não vejo tanto motivo para o ex-secretario ficar preso em Regime fechado.