Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – Ascensão do novo grupo ao poder no Estado com a efetivação da cassação de José Melo (Pros), projeto político para 2018 e 2020 e vitória em primeiro turno da chapa de Arthur Virgílio Neto (PSDB) e Marcos Rotta (PSDB). Esses três pontos foram o mote dos discursos das lideranças políticas, na convenção do grupo nesta sexta-feira, 5, que tenta reeleger o governo tucano em Manaus a partir da união no mesmo palanque de Arthur e Eduardo Braga, adversários históricos em eleições há mais de uma década.
O clima era festivo, no entanto, os protagonistas do evento ainda demonstravam pouca intimidade diante da recente aliança e mais de uma década como adversários. Discursos que, em geral, nas convenções são efusivamente aplaudidos após pausas de elogios mútuos silenciavam após as palavras de cortesia de Arthur para Braga e de Braga para Arthur. O discurso de Sabino Castelo Branco, que anunciou que em breve Braga assume o Governo e Arthur vence em primeiro turno, ajudou a empolgar mais a plateia. Ao final dos discursos da convenção, Braga e Arthur apertaram as mãos e trocaram abraços com menos formalidade.
Na presença do senador Eduardo Braga (PMDB), o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio disse durante a convenção realizada na noite desta sexta-feira, 5, que percebeu a tempo que “aquela turma” não era a sua e se uniu ao atual grupo com interesse no bem de Manaus e do País, embora antes tenha “feito um governador e outro senador”. Arthur se referia ao senador Omar Aziz (PSD) e José Melo (Pros), aliados dele até três dias atrás.
Os dois foram alvo de ataque de Arthur num discurso de 24 minutos, que voltou a criticar duramente o Governo José Melo e atribuir a Omar a traição da qual diz ser “injustamente” acusado. Arthur acusa o ex-aliado de fomentar quatro outras pré-candidaturas paralelas a sua e atribui a isso o seu rompimento com o Pros e o PSD. “Temos planos para 2016, 2018 e 2020”, declarou Arthur Virgílio.
O prefeito disse, se referindo a Omar, que “tentaram passar para a história” como se ele tivesse traído alguém. “Com a minha trajetória, a vontade que dá, para uma pessoa pobre de espírito dessa, é dizer: olha pra você no espelho e olha pra minha biografia e vê quem é que tem cara de trair quem. Eu não aceito traição porque não traio”.
Braga, que estava ao lado de Arthur, sorriu, concordou com a cabeça e bateu palmas.
Em 2010, Eduardo Braga deixou o governo para seu vice, Omar Aziz, e atuou como principal cabo eleitoral da campanha do sucessor na eleição ao Governo. Em 2014, Omar rompeu com Braga e apoiou José Melo, outro fiel aliado de Braga nos oito anos de Governo, nas eleições. O grupo, com apoio do prefeito Arthur Neto, derrotou a candidatura de Braga nas urnas.
Na semana em que se encerrava o prazo para as convenções partidárias, Arthur surpreendeu o meio político ao costurar um acordo com o PMDB, que retirou a candidatura de Marcos Rotta e o colocou como vice do prefeito candidato à reeleição.
Arthur apontou o Governo Melo como a principal causa dos problemas que atingem diretamente a vida da população de Manaus e insinuou que o senador Omar Aziz se cala e é conivente com medidas que prejudicam a cidade.
“Eu apoiei um candidato a governador em 2010 e não foi o Eduardo. Foi esse governador que me decepcionou, que traiu o Amazonas, que traiu Manaus e está afundando a Saúde. Tive um candidato a senador, que não fala nada ao fecharem Caics, Caimis , policlínicas e SPAS. Não falou nada. Eu não posso compactuar com isso. É o Governo que cria problemas para nós no transporte coletivo, que não é capaz de honrar seu compromisso com subsídios para se manter uma tarifa aceitável ao bolso do povo”, afirmou o prefeito.
Arthur disse que percebeu que não podia se manter no grupo que não está interessando no bem de Manaus. “É o governo que prometeu asfaltar Manaus, o Distrito, falou e está tudo gravado. Aí, olha, não é a minha turma. Eu ajudei, participei, procurei fazer um governador, procurei fazer outro senador. Mas não tem problema. Nenhuma raiva dos dois, nenhum rancor. O que desejo é vida longa, felicidade pessoal e muitos poucos votos”.
Braga disse que essa não é uma aliança de conchavos nem de projetos de poder. O senador afirmou que conchavo é fazer reuniões escondidas para fechar unidades de saída. “Somos diferentes. Ainda bem. Porque iguais não se somam, diferentes se somam. E quando essas diferenças são públicas em defesa do interesse público não há nada de errado nisso”, afirmou.
Braga apresentou a superintende da Suframa, Rebecca Garcia (PP), como futura vice-governadora do Amazonas, se referindo indiretamente ao processo que pede a cassação de Melo. Ele também apresentou a esposa, Sandra Braga (PMDB), como a senadora do Amazonas.
O deputado federal e candidato a vice prefeito, Marcos Rotta (PMDB), agradeceu ao senador e presidente de seu partido pela deferência e transparência com as quais sempre o tratou. Disse que Braga não é como outros políticos que ficam usando as pessoas como peças de tabuleiro. Mesmo com essa indireta ao grupo de Omar Aziz, Rotta fez o discurso menos agressivo ao governador José Melo e ao senador do PSD.
O deputado federal Artur Bisneto (PSDB) afirmou ter orgulho de estar nesta aliança “com um amigo que me viu nascer na política”, se referindo ao senador Eduardo Braga.
Rebecca Garcia disse que só não estava naquele palanque quem não tinha interesse de ajudar Manaus. “Vamos juntos brigar para cuidar bem de Manaus. Queremos juntos com o senhor, prefeito Arthur, trazer recursos para transformar Manaus com união”, afirmou.
O deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB) afirmou que o grupo vai chegar à vitória ainda no primeiro turno. “Arthur vai ganhar e brevemente o senador Eduardo Braga será o governador. E, se for da vontade de Deus, vou para Brasília de novo como deputado federal”, declarou. Sabino é o primeiro suplente da coligação que elegeu Rotta em 2014 e, caso o deputado deixe a Câmara em Brasília, pode assumir o cargo.
Assista trecho do discurso de Eduardo Braga:
A Artur e um estadista, diplomata, inteligente. Conseguiu fazer seu ex opositor calçar as sandálias da humildade. E uma dadiva