Da Redação
MANAUS – O deputado federal Alfredo Nascimento (PR-AM) está sendo investigado no Inquérito 4443, autorizado pelo do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, por suspeita de pedir e receber dinheiro ilegal para a campanha de 2006 de empresas que prestavam serviços ao Ministério dos Transportes. Ele é investigado no mesmo inquérito com o deputado federal Milton Monti (PR-SP).
De acordo com a decisão de Fachin que autorizou a abertura do inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a investigação porque Alfredo Nascimento foi citado por quatro ex-diretores da empreiteira Odebrecht em delações premiadas: Benedicto Barbosa da Silva Júnior, José de Carvalho Filho, João Antônio Pacífico Ferreira e Paulo Falcão.
Segundo o Ministério Público Federal, no depoimentos do executivo José de Carvalho Filho ele relata ter participado de reunião, a pedido de Milton Monti, com o então Ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, para tratar de temas ligados aos interesses da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias. Nessa reunião, teria sido solicitada “ajuda financeira” para a campanha eleitoral de Alfredo Nascimento, em 2006, no valor de R$ 200 mil de cada empresa que lá se fazia presente. O documento não informa o número de empresas presentes à reunião.
No depoimento do executivo João Antônio Pacífico Ferreira, ele afirma que o repasse teria sido feito no ano de 2006, por meio de recursos não contabilizados. Naquele ano, Alfredo Nascimento foi candidato ao Senado pelo Amazonas e se elegeu, derrotando o deputado federal Pauderney Avelino (DEM-AM).
Na decisão, Fachin esclarece que dos termos de delação premiada dos ex-executivos da Odebrecht consta também informações sobre “acordo entre as empresas que teria resultado em benefício espúrio a diversos agentes públicos do DNIT [Departamento Nascional de Infraestrutura de Transporte] e no pagamento de vantagem indevida ao deputado federal Inocêncio Oliveira, supostamente beneficiado com o repasse de R$ 300 mil, por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que ficou conhecido como “Departamento da Propina”.
Por fim, o documento afirma que “o repasse feito a Alfredo Nascimento também seria contemporâneo ao ajuste de mercado, o que justificaria a investigação dos fatos”.
Outro lado
A assessoria do deputado Alfredo Nascimento enviou ao ATUAL a seguinte nota: “É com surpresa que vejo meu nome relacionado entre os investigados na operação Lava Jato. Não tenho e não tive qualquer relação com empresas, executivos e estatais evolvidos. Nunca me reuni com qualquer um dos delatores. Isso será fácil ser provado e tudo ficará esclarecido com as investigações. Estou absolutamente tranquilo. A verdade vai prevalecer.”
Leia a decisão do ministro Edson Fachin sobre Alfredo Nascimento: