Ah! Meu Brasil brasileiro! O que o fisiologismo faz de ti. A melancolia que a história da Carochinha pode afastar. Com 80% de reprovação o governo está nas cordas há mais de um ano, resultado da avassaladora incompetência na gestão, a partir da visão desfocada que o lulopetismo e as esquerdas em geral têm do poder, posturas historicamente consolidadas, inclusive no que diz respeito aos desvios de recursos públicos, embora sem os exageros aqui verificados.
Sem projeto de governança o lulopetismo chega à beira do abismo e não sabe o que fazer de decente. O “script” que conhece é o do populismo e da enganação. Até mesmo o argumento contra o impeachment que prega, mostra a especialidade da casa (a mentira), quando aos berros, valem-se do convincente e criativo: “não vai ter golpe”. Beira a infantilidade.
Do outro lado, embriagada pela possibilidade do afastamento de Dilma, dado o afastamento do PMDB da base aliada, a população deixou de considerar a cultura fisiologista do País, justamente do que se vale o governo para comprar consciências, seja monetariamente ou dando a partidos de menor significância, fatias do poder que nunca teriam.
Nesse aspecto, aliás, não se pode atribuir ao governo, exclusivamente, mais essa cínica farsa. Ninguém compra nada que não esteja à venda. É como se diz: na política não há sentimentos. Há interesses.
O que vai acontecer não se sabe. São dois os cenários possíveis. O primeiro trata da aprovação do impeachment, cujas consequências, como se espera, serão inequivocamente benéficas, onde as expectativas serão revertidas e os caminhos abertos à governabilidade e à recuperação econômica, ainda que de forma lenta, mas progressiva.
É claro que o cenário mundial é atordoante, consequência da liquidez (no sentido de desfazimento), que a humanidade começa a enfrentar, com consequências imprevisíveis. Nesse novo ciclo a dinâmica obedece infinitas combinações e inesperadas mutações, com quebra de paradigmas e rompimento das referências com o passado, em inimaginável rapidez, provocando mudanças muitas vezes imperceptíveis.
O País ou quem sabe o mundo, não está preparado para essa nova revolução, difícil de adaptações por fugaz que será (em parte já o é), onde todos os conceitos serão revirados e a tal democracia representativa não sobreviverá, pois o atual sentido de poder está se esfarinhando.
Claro que se trata de um complexo exercício, mas é bom que o novo provável governo comece a pensar sobre, especialmente quando se verifica que todas as estruturas do País estão podres. Onde se pisa há mau cheiro e risco de desabamento.
Há uma grande reconstrução a ser feita, da qual não escapará a nossa Constituição. Essa história de constituição duradoura, hoje elogiada, está no fim. Nada pode ser sólido num mundo líquido. Especialmente a nossa, que trata até da “parafuzeta da rebenguela”, seja lá o que isto signifique.
E se o impeachment não sair? Nada há a comentar que não seja do conhecimento de todos. O País continuará tendo mais do mesmo. A única novidade (talvez nem seja pela previsibilidade) é ver os partidos nanicos devolvendo os cargos ao PMDB, que certamente voltará ao governo.
Há, porém, uma última esperança: a cassação da presidente pelo TSE, o que certamente acontecerá. Mas não haverá alegrias. O mandato estará no fim e o País metido numa brutal depressão.
Mas, para não terminar melancolicamente, espera-se que, pelo menos, no “Residencial Curitiba” morando esteja famoso contador de “estórias”, com seu comprido nariz, animando a plateia com as estórias da carochinha. Nunca na história deste País, alguém teve tanto sucesso nesse mister.