Águas: fonte de vida e cenário de degradação ambiental
Ensaio fotográfico – Edição Clima – FUA: Feira Urbana de Alternativas
Parque Municipal do Mindu – 01 de abril de 2018
Por Valter Calheiros, especial para o ATUAL
MANAUS – A água como elemento natural indispensável para a vida conta em nossa cidade com muitos cidadãos e instituições que lutam em favor de sua preservação, com presença em escolas, faculdades, universidades, projetos sociais, assembléia legislativa, prefeitura municipal, câmara municipal, igrejas, meios de comunicação, associações de cabocos do beiradão, todos enfim, buscando preservar este bem comum!
O ensaio fotográfico “Águas: fonte de vida e cenário de degradação ambiental”, apresentado na Edição Clima da Feira Urbana de Alternativas (FUA), em 1° de abril no Parque do Mindu, é resultado de pesquisas e ações educativas que tinham como foco o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões e seu Entorno, Igarapés, Lagos, e em Comunidades Rurais e Zona Urbana de Manaus. Os registros buscam construir diálogos em duas etapas, um que nos remete à água como fonte de vida e um segundo que retratamos a degradação ambiental como desafios para toda a sociedade.
Água fonte de vida
A água é um bem natural, precioso líquido presente em dois terços do planeta terra, sendo tema dos mais importantes para a discussão e tomadas de decisões em favor das gerações do presente e do futuro para a vida de todos os povos, como também indispensável para a preservação do clima na região amazônica. Propor caminhos para frear a degradação ambiental das águas dos lagos, igarapés e nascentes d’águas é um processo que deve animar e suscitar pesquisas e estudos em todos os níveis educacionais e de avanços na legislação ambiental. É um desafio que deve ser com certa urgência motivo de empenho e compromisso de governos e sociedade.
Na relação homem e natureza, convém lembrar a mensagem do Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si – Louvado sejas, sobre o cuidado da casa comum, onde destaca que “o nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta: o seu ar permite-nos respirar e a sua água vivifica-nos e restaura-nos”. Outra voz em favor das águas está presente na poesia Água Doce de Celdo Braga, poema docemente cantado pelo Grupo Imbaúba: “A água no jeito simples de ser, só quer ser limpa para se dar de beber”.
Água, cenário de degradação
O cenário de degradação ambiental está presente em todos os cursos d’água que entrecortam as zonas urbana e rural de Manaus, onde encontramos em abundância a presença de resíduos sólidos de todas as espécies, esgotos residenciais e industriais despejados nos leitos pelas construções de habitações em suas margens, e assim, sem nenhum tratamento as águas dos igarapés deságuam no rio Negro que caminha para o esgotamento de sua capacidade de absorção dos efluentes sanitários. Essas ações são tão freqüentes que transformaram a falta de zelo pelas águas como ação aceitável e comum, demonstrando que a sociedade não está assim tão empenhada em defender este bem natural essencial à vida.
A gravidade dos fatos registrados nas imagens quer ser um convite a todos os cidadãos que amam e respeitam a nossa cidade a fazer sua parte, não se omitindo e lutando por políticas públicas efetivas e não apenas pontual e eventual. O Poder Público parece não ter um plano de ação integral que envolva as áreas de educação, saúde e saneamento. A coleta do lixo nos leitos dos igarapés e no rio Negro é a solução que se apresenta com mais freqüência, sendo uma prática comum da administração pública contratar balsas de empresas privadas como solução de emergência, mas tão somente paliativa.
Que os registros fotográficos possam ser instrumentos para ampliar o diálogo em favor de nossas águas, igarapés, rios e assim construirmos uma cidade limpa, bonita, saudável, boa de ser retratada e apreciada!
Valter Calheiros é gestor de projetos sociais, educador social e ambientalista do Movimento Socioambiental SOS Encontro das Águas, atuante em Populações e Comunidades Tradicionais Ribeirinhas de Manaus.