MANAUS – Recebemos em nosso e-mail (da Redação do ATUAL) diversos textos sobre eventos alusivos ao Dia Mundial da Água. Acho é graça dessa movimentação em torno de temas que não conseguimos avançar como sociedade e ficamos fazendo de conta que nos preocupamos com eles.
Querem falar sobre água? Então não me venham com esse discurso velho e batido de que precisamos fazer um uso racional da água. Ninguém dá ouvidos a isso em um ambiente onde a água é abundante ao extremo. E nem adianta dizerem que é abundante, mas acaba, se não cuidarmos.
Eu quero que olhemos para os nossos igarapés. A cidade de Manaus é cortada por diversos igarapés. Todos eles estão poluídos, e essa poluição ocorreu em menos de meio século. Não fomos capazes de preservar essa riqueza da natureza. Não culpemos os governos, apenas. Ele tem a maior parcela de culpa, porque têm autoridade para impedir a poluição. Mas quem poluiu? Fomos nós, homens e mulheres que hoje xingamos os governantes pelo mal que fizemos.
Nossos igarapés exalam mal cheiro. Despejamos toneladas de fezes diariamente nas águas que correm a céu aberto. Despejamos o lixo doméstico, descartamos tudo que temos às mãos nas ruas, e as águas das chuvas se emcarregam de levar para os igarapés e rios.
Se fôssemos capazes de cuidar, poderíamos bombear água desses igarapés para os afazeres domésticos, tomar banho como se fazia até bem pouco tempo. Mas ninguém está interessado em despoluir os igarapés.
Os projetos não andam, pelo menos na velocidade que o problema exige. Vejam o exemplo do Igarapé do Mindu. Um projeto para criar um corredor ecológico às suas margens, desde a nascente na zona leste até o Rio Negro, na zona sul, se arrasta desde a gestão de Serafim Corrêa. Já se foram mais de dez anos e a desocupação completa das margens não foi concluída.
Essa história de preocupação mundial com a preservação dos recursos hídricos é balela. Países como a Coréia do Sul resolveram os problemas de poluição nas grandes cidades, com investimento e com o respeito de todos às normas legais.
O problema do Brasil é sempre o mesmo: a falta de respeito ao outro, ao meio ambiente e às leis. Os governos, como dito antes, têm a maior parcela da culpa, porque não investem e nem cobram o cumprimento da lei. A outra parcela é de todos, dos cidadãos e dos que não adquiriram cidadania.