SÃO PAULO – Alguns detalhes fazem com que a nossa geração esteja se tornando cada vez mais fria e isso já não é novidade para ninguém. Muito embora a impressão é que as novas tecnologias estejam aproximando as pessoas através da sua rede instantânea de mensagens e sinais, a verdade por trás dessa realidade é bem mais profunda, triste e assustadora.
O processo de tecnologia de nosso tempo está remodelando e reestruturando padrões de interdependência social e todos os aspectos de nossa vida pessoal. Por ele somos forçados a reconsiderar e reavaliar, praticamente todos os pensamentos, todas as ações e todas as instituições. Tudo está mudando dramaticamente. Inclusive as relações.
Se por uma lado é pertinente a ideia de rapidez e instantaneidade que a tecnologia trouxe, auxiliando de forma direta no trabalho e na sociedade em geral, por outro lado o que sabe-se é que cada dia mais as pessoas afastam-se do que é real para viver imerso completamente dentro de uma grande bolha superficial e imaginária que inclusive é uma das grandes causadoras de problemas psicológicos nos jovens e adolescentes dessa geração.
Os aplicativos de relacionamentos vieram para perpetuar a ideia de rapidez e fácil resolução de ausências sentimentais. Acontece quase nessa ordem, a pessoa se relaciona com alguém, termina, sente-se incompleto, busca algo instantâneo, baixa o aplicativo que já está repleto de pessoas carentes e incompletas, conhece alguém que não esqueceu o “ex” sendo que a outra pessoa ainda não superou o último relacionamento. Ambos frustram-se e começam a acreditar que há algo de errado com eles, a ansiedade toma conta e a depressão começa a ser pintada de forma romântica através de um “match” entre pessoas que precisam de ajuda psicológica e não de um relacionamento.
É justamente por isso que as pessoas estão se tornando mais carentes e doentes, o superficial tomou conta do real e ninguém parece muito interessado em discutir sobre isso, porque talvez encontre na tecnologia o escape perfeito para os vazios internos que todos teimam em negar e esconder.
A modernização e a tecnologia não esfriaram coisa nenhuma.
As pessoas, na verdade, é que se deixaram esfriar, as pessoas é que hoje preferem as relações “virtuais” do que as “reais”. Foi isso o que aconteceu.
A modernização e a tecnologia vieram com o objetivo inicial de facilitar a vida das pessoas e, no fim das contas, são as pessoas quem decidem como vivê-las, e não a modernização ou a tecnologia.
Se as pessoas “teimam” em negar ou esconder seus medos, inseguranças e etc., é decisão delas, e não cabe à modernização ou à tecnologia resolver esses problemas, mas, sim, veja só… às próprias pessoas.
Se as pessoas se utilizam da modernização e/ou da tecnologia como válvula de escape, bem, veja só novamente… é escolha única e exclusivamente destas pessoas.
Hoje em dia é muito “mimimi” e pouquíssima ação, pouquíssimas atitudes, em todos os sentidos, em relação à tudo. As pessoas reclamam mais do que tomam atitudes para resolver ou, pelo menos, amenizar os problemas — sejam direta ou indiretamente seus.
Nunca vi uma geração tão apática, tão melindrosa, tão dramática, tão inerte, tão desorganizada, tão desinteressada, tão se iniciativa pra nada, nada mesmo.
Se o futuro do país, da nação, do mundo depender dessa geração, diacho… Nós estamos todos fodidos.