Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – A quatro dias das convenções partidárias que teoricamente definem os nomes nas urnas, quase metade das pré-candidaturas ao Governo do Estado vieram do mesmo grupo que esteve no palanque de José Melo em 2014 e no de Marcelo Ramos em 2016 e que tem como principal líder e mentor das alianças, o senador Omar Aziz (PSD).
O número total de pré-candidaturas chegou a dez, mas a confirmação destes nomes só mesmo na segunda-feira, 19, às 19h quando termina o prazo para pedido de registro no TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas).
A divisão de várias candidaturas de políticos com ligação a Omar foi o motivo da briga entre ele e o prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB) no ano passado.
Na ocasião, o tucano justificou o racha na convenção do PSDB e PMDB dizendo ser um “homem ciumento” e ter alertado Omar que não gostava desse jogo. Omar negou que usasse dessa estratégia em 2016.
O fato é que hoje, a poucos dias da convenção, o grupo que esteve no mesmo palanque em 2014 e 2016 conta com quatro pré-candidaturas: Amazonino Mendes (PDT), Marcelo Ramos (PR), Marcelo Serafim (PSB) e Silas Câmara (PRB).
Apesar de não ser candidato neste pleito suplementar, porque a legislação veda o nome dele, Omar Aziz é um dos principais jogadores deste tabuleiro eleitoral.
Fogo amigo
O senador é apontado por seu grupo como fiador do nome de Amazonino Mendes e, ao mesmo tempo que é o ponto de abertura de diálogo com os adversários das últimas duas eleições é o ponto de interseção dos dois principais conflitos neste período pré-eleitoral.
Omar está no centro do desprezo por um dos três principais pré-candidatos desta eleição suplementar, segundo as pesquisas eleitorais, que com o apoio do grupo recebeu 457.809 votos no segundo turno em 2016: Marcelo Ramos. Também é a origem do veto e golpe na asa do governador interino David Almeida (PSD), que julgou ter fôlego para vôos mais altos.
Em 2016, a divisão de várias pré-candidaturas deste grupo não representou cisão e falta de empenho no segundo turno em torno do nome de Marcelo Ramos. Porém, há oito meses, o cenário pré-eleitoral não era o mesmo. Os bastidores não mostravam tanta briga por espaço no mesmo grupo.
Mata-mata pré-eleitoral
Até segunda-feira, serão 163 horas em que todos os pré-candidatos e partidos farão de tudo para sobreviver, incentivar e afogar nomes conforme o jogo escolhido e suas conveniências. O mata-mata tem a ver com as jogadas para definição de aliança partidária com o objetivo de compor tempo de TV e base política em busca de votos nesta eleição relâmpago e solteira, já que está em disputa apenas o cargo de governador.
Mas o mata-mata também tem a ver com a definição do cenário em que os candidatos querem jogar. Minar candidaturas ajuda a escolher com quem se quer disputar ou dividir o prêmio, incentivar outras candidaturas também ajuda na tentativa de tirar votos do adversário.
Essa perspectiva justifica todo o jogo de bastidor que vamos acompanhar até as convenções, com possibilidade de prorrogação até às 19h da segunda-feira, prazo para pedido de registro de candidatos.
Prova de que o sufoco é geral, neste período, está no quadro atual dos três principais pré-candidatos, segundo as pesquisas eleitorais recentes: o senador Eduardo Braga (PMDB), o ex-governador Amazonino Mendes e o ex-deputado estadual Marcelo Ramos.
Nenhum deles têm aliança definida a quatro dias das convenções, e Marcelo corre o risco de sequer ter o nome nas urnas, mesmo apontado como único capaz de derrotar o líder das pesquisas, Eduardo Braga. A entrada e saída de Marcelo na disputa é a maior expectativa deste período e pode alterar bastante o jogo.
O senador Eduardo Braga se articula nos bastidores para evitar perder o apoio da máquina municipal que seria fruto da recente aliança, formada há menos de um ano, com adversário histórico Arthur Virgílio Neto (PSDB). Isso porque o tucano voltou a flertar com o amigo histórico, o senador Omar Aziz.
Aliados de Arthur, que ainda não haviam aceitado a aliança com Braga, apesar da vitória em 2016, demonstraram nesta segunda-feira maior ânimo com a cisão. Especialmente, após profissionais da equipe de comunicação e marketing da campanha tucana em 2016 serem confirmados na equipe de Amazonino deste ano.
Amazonino enfrenta resistências dentro do grupo de Omar, especialmente por parte dos deputados estaduais, que representam importante base eleitoral para disputas majoritárias no interior.
Braga registra adesões e baixas
O PP se irritou com o fato de o PMDB não ter considerado Rebecca Garcia como alternativa primeira para vice neste pleito. Após conversas com o PDT, PSD e com o PR, o partido anunciou possibilidade de lançar candidatura solo. Sem aliança forte, seria uma forma de projetar o nome de Rebecca Garcia para 2018 e ao mesmo tempo retirar fatia de votos de candidatos com perfil parecido com o seu.
Por outro lado, Braga recuperou o apoio de um aliado de anos – o PCdoB, que após ver o recém-aliado PT lançar José Ricardo sem o consultar e sob o risco de não conseguir se fortalecer para 2018, voltou a segurar nas mãos do senador. Braga foi o fiador da vitória de Vanessa Grazziotin ao Senado em 2010. O mandato de Vanessa e Braga encerra em 2018.
Demais candidaturas
O pré-candidato José Ricardo (PT), que teve seu nome confirmado em todas as instâncias internas do partido e acredita que nenhuma surpresa deve tirá-lo da disputa, é outro que enfrenta problemas para compor aliança para sua candidatura alternativa.
Analistas políticos apostam que ele pode crescer como terceira via numa eventual saída de Marcelo Ramos da disputa, mas com pouco fôlego para vencer.
José Ricardo costuma caminhar isolado de outros políticos nas suas atuações parlamentares e a pré-candidatura dele segue percurso parecido na procura de apoio entre os partidos de esquerda.
O presidente da Câmara Wilker Barreto (PHS), a jornalista Liliane Araújo (PPS) e o deputado estadual Luiz Castro (Rede) fecham a lista dos pré-candidatos que também lutam até o último momento para que algum partido, ainda que nanico, some tempo de TV que permita a eles maior visibilidade nesta campanha.
Veja quem são os pré-candidatos: