Família, escola e religião são as Instituições fundamentais, porém padecem, hoje com as mudanças e revelam-se, a cada dia, mais impotentes para enfrentar e diluir o caos social, político e econômico a envolver todos nós. Família será, ainda, a mais fundamental e natural estrutura para manter o eixo e o norte da vida em comum. A escola perdeu o bonde da história, os professores são analógicos e a garotada já se descolou desse ambiente para surfar nas surpresas digitais. Hoje, no Amazonas, os professores vetam o “smartphone” em sala de aula, para deleite e ironia dos alunos, que se submeteram à hierarquia instrucional e fogem da escola por seu imobilismo institucional.
A religião ainda se alimenta da ideia entre Deus e o Diabo, sem destacar o fator humano, absolutamente ausente do debate das prioridades de algumas denominações religiosas.
Tudo está mudando numa velocidade absurda. Os valores da família, escola e religião são postos à prova a todo instante. As mídias sociais, com frequência, encarregam-se de implodir essas instituições e acabam por complicar a compreensão de sua importância e necessidade. E, se tudo está mudando assustadoramente, quem quiser segurar este movimento será atropelado pelos acontecimentos e perderá a interlocução com os mais jovens. Temos de atentar para o conservadorismo estéril e solitário que as novas gerações não aceitam sequer ouvir falar. E mais: a condução da instituição familiar, escolar e religiosa vai determinar a qualidade e a credibilidade das Instituições do Estado de Direito, hoje sob cerrado tiroteio institucional, ideológico e fisiológico no sentido do aparelhamento político.
Precisamos lembrar que as Instituições, tanto as primitivas como as democráticas, exigem de nossa parte mais habilidade e foco para seu desempenho cotidiano. Não teremos família estável, saudável e feliz se nos deixamos levar pela vida na correria da sobrevivência e da intolerância. Não podemos entregar para professores, muitas vezes desnorteados com o bombardeio das mudanças, a guarda educacional de nossos filhos. Assim procedendo, iremos ser surpreendidos por novidades assustadoras vindas de um ambiente escolar do qual nos afastamos. Em outras palavras, precisamos focar nas prioridades dos valores fundamentais para não os perder de vista.
Eis por que assistimos ao esfacelamento de algumas das Instituições sociais. Eles reproduzem os valores dominantes da egolatria, do individualismo, da educação tecnicista, cujo foco está mais na competitividade do que no ser. Facilmente detectamos essa postura nas instituições políticas, na composição dos colegiados e cortes jurídicas, ou na atuação dos órgãos públicos. E, se as escolhas se dão pelo compadrio e favor, é flagrante o estabelecimento da anomalia, do desrespeito às leis, de modo que não sobra espaço para o espírito público, não há transparência nem aderência aos interesses maiores da sociedade.
A mesma distorção de valores tem ocorrido nos critérios utilizados pelo processo eleitoral, tanto na ótica do eleitor, como nas estratégias do vale-tudo por parte dos candidatos com promessas e metodologias enganosas. Ao olhar superficialmente os graves dilemas que afetam o Brasil, alguns são tentados a deixar o barco, fugir para outros lugares e esquecem que, de qualquer ponto de vista, todos nós temos um pouco de responsabilidade, tanto com as causas como com as saídas desses dilemas. A frase do procurador federal Deltan Dallagnol traduz bem nossa responsabilidade: “É possível nós vencermos a desesperança e nós derrotarmos a grande corrupção impregnada nas nossas instituições, mas isso depende de nós”. Essa é a luta, e quem dela foge renuncia à própria existência.
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