SÃO PAULO – No último sábado, Manaus viralizou uma história de conteúdo duvidoso. Uma venezuelana que já é bem conhecida no terminal 2 por vender picolés, sempre com muita simpatia, foi alvo de um post em que um homem a elogiava, chamava de bonita e simpática, usando esses adjetivos para criticar de forma bruta os outros venezuelanos que migraram para Manaus. “Apesar de ser venezuelana, mesmo assim tem dignidade” eram as palavras do homem no post. Como se isso fosse insuficiente, os ditos “portais de notícias” do Amazonas compartilharam a história de forma baixa e cunho machista, com palavras do tipo “partiu t2”, “essa é para casar”, “essa merece respeito”. Dando a conotação de que as outras venezuelanas, que, segundo eles, estão se prostituindo em Roraima, não merecessem sequer sere chamadas de mulher, além de colocar em risco a segurança da garota, que antes trabalhava em paz e agora vai ter que lidar com o assédio. Os comentários eram de total apoio a toda aquela movimentação sexista que estava acontecendo bem aos nossos olhos. E muito além disso, quem autointitula-se profissional da comunicação estava cegamente caçando likes e compartilhamentos através da exposição da garota. Nenhum ponto foi analisado antes de postar a foto da menina e usá-la como escudo para ser agressivo e xenofóbico. Não houve exposição positiva; eles não queriam elogiar a garota, eles queriam machucar os imigrantes de forma suave, covarde e cruel.
Está com pena? Leva para São Paulo.